
Ao programar para breve a rediscussão da regra que permite a prisão
de larápios condenados em duas instâncias judiciais, o Supremo Tribunal
Federal revela que o principal problema não é a incapacidade da
sociedade de reconhecer a altivez de sua Corte Suprema. O verdadeiro
problema é que a Corte, menos suprema do que seria desejável, é incapaz
de demonstrar-se altiva. Depois de aprovar —em duas votações— o início
da execução das penas na segunda instância, o Supremo trama adiar as
prisões no mínimo até o julgamento de recursos ajuizados numa terceira
instância: o STJ, Superior Tribunal de Justiça.
O recuo vinha sendo ensaiado desde que a Lava Jato invadiu os salões
da oligarquia política. Materializando-se agora, nas pegadas da goleada
de 3 a 0 sofrida pelo pajé do PT no TRF-4, a novíssima norma pode ser
batizada de “Regra Lula”. É como se o Supremo se alistasse
voluntariamente à volante petista, que esculhamba o Judiciário e prega a
“desobediência civil”. Consumado o processo de autodesmotralização,
bastará a um magistrado permanecer agachado no plenário do Supremo para
ser considerado um ministro de grande estatura.
No grampo em que lamentou a falta de valentia do Supremo, Lula
conversava com Dilma sobre o depoimento que prestara à Polícia Federal
após ser conduzido coercitivamente por ordem de Sergio Moro. Reclamava
da súbita impotência dos poderes. A íntegra da conversa pode ser ouvida
lá no alto. Vai reproduzido abaixo o trecho que exibe com mais nitidez o
que Lula tem por dentro quando está fora de si.
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